A meio-caminho entre a casa de A. e a minha, há uma loja de animais.
Hoje, domingo, a cortina de ferro verde está corrida. Nada deixa adivinhar a multidão de vidas que ela esconde. Silenciosas vidas de peixe, tagarelas vidas das chinchillas. Não sei se hoje são chinchillas que habitam a montra sobrelotada, da última vez que passei por lá num dia útil, eram. Mas que vidas invisíveis se desunham numa chinfrineira de selva captiva, desunham-se.
Fico a ouvir um momento, plantada no passeio frente a cortina verde, todas as antenas de fora, barata tonta de tanto afiar o ouvido.
Passa um homem lento com um saco rosa.
Olha para mim e sorri.
Eis uma coisa que não carece de tradução.
Porque é que sempre prefiro o que não percebo? Será da possibilidade da surpresa? Da promessa de desconhecido?
Dec 23, 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment