Não é que me cruzo com o Homem que vende crocodilos-que-puxam-a-lingua-quando-se-lhes-puxa-o-rabo? Para quem não conhece a zoologia da sobrevivência lisboeta, os crocodilos são de papel dobrado, e o homem o único origamista da capital. Vive de vendera sua arte nos restaurantes. Espero que vive. Conheci-o na primeira noite, primeira de todas, primeira de muitas, que jantei em Lisboa. Merece uma medalha de tenacidade. A começar pelo Tchekov, anda muita boa gente a teimar que o que importa não é o que se faz, mas que não se deixe de fazê-lo. Tanto homem a insistir numa coisa que parece não fazer sentido, talvez tenha alguma verdade. Espero. Espero mesmo. Mas perdi-me. O que queria dizer, eu que sou gaja, é que a cara dele, que não via desde o milénio passado, me falou muito alto sem que ele precisasse sequer de reparar em mi. Disse : - Também estás velha, miúda, não olhes assim.
Miúda velha a correr para apanhar o último metro ligada infindavelmente à homem que vende crocodilos. O tempo tem destas coisas. Não há como saltar os paralelos.
Jan 8, 2008
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