Viu escultura sagrada espanhola, aos domingos de borla. Cuerpos de dolor. Postura de geisha, anca projectada para frente, pelvis enrolada, tudo isto nuns grandes efeitos de kimono, mas lábios magros apertados num risquinho de desprezo. Sto Agostinho? Tómas de Aquino. Enfim.
Saiu, havia muito sol. Passando no Mercado da Ribeira ouviu bolero. Lembrou que se celebram bailes, na sala de cima, com vistas para as bancas de abóboras ( cucurbitácea não se arruma ao fim de semana). Não hesitou. Lavar o olho lá do dolor e talvez até um pezinho.
Sala enorme, repletinha, de sol e de toda a maneira de pessoas, mais para a pré-terceira, mas nem só. Um conjunto de três senhores meio marretas meio Blues Brothers do Hawai toca de tudo, merengue, vira pimba, rock velho, covers de crooners, mais boleros. Em três linguas.
Dança-se muito. Para o prazer sobretudo, ainda é cedo, imagina. Há algo de inesperado, de pouco português, na aceitação dos corpos. Por entre os elegantes e as esbeltas, há tortices, barrigas, peitos cansados sem vergonha. O que usualmente se esconde tem aqui direito não só de existir, mas de dançar. E mulher também convida! Não apenas quando é a hora delas.
Cuerpos de baile.
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