Entram as quatro miúdas cinto
negro do judo, encharcadas em suor. Uma estrela, três estrelinhas. Lavam a cara antes de
partir para outro treino. Riem-se no espelho, de si, dos ombros
espadaúdos que as afastam todas juntas do cânone feminino. Uma, 16
anos, músculos valentes e rosto de anjo bébé, é o Hulk. Minihulk?
Qual Minihulk! Full Hulk. Uma das outras anuncia que é a Fiona.
Na fase feia ou quando era bonita? Bonita só foi no inicio,
quando estava sozinha. Então feia. O monstro cor-de-alface e a
verde princesa dos peidos engasgam-se de riso.
Num repente:
estou com uma fome destas. Já comia um sushi...
Lá
se vai mais um preconceito. (Gosto do jeito que a vida tem de encher de
imediato o vázio que eles deixam).
Uma
vez cruzei-me com elas na avenida, já passava da meia-noite. Elas
iam juntas, rindo alto como agora, desparatadas, sem medo nenhum.
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