Oct 7, 2011

hoje


A raiva intensa da mulher grávida. Anda prestes a explodir, cinco passos a frente do marido que empurra o carrinho do primeiro filho, bébé ainda. Se a fúria que a veste é visível como um casaco, impossível saber se é de hoje ou de mais profundo.  Cruzamo-nos nas zebras, ela me fita. Me reduz à cinzas, é o que é.  Esta mulher não conta os corpos na beira do caminho. 
Passa.
Por favor preciso de carne, preciso de sopro.

Na Assirio da Passos Manuel, o Apanhar ar da Adilia Lopes está esgotado. Bom haver gente que chegue para esgotar uma edição do ano passado, pena esta edição ter sido pensada tão pessimistamente que já se esgotou.

Abro o Herberto Helder, Ofício Cantante, só para beber um golo antes do caminho de volta. O que me calha:

"uma história de crianças
com folhas dispersas
é sempre uma história de morte"

é de memória.

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