No
primeiro realizava um filme sobre alguém que aprendia a dançar.
Mas, de fora e de dentro ao mesmo tempo, era ela que dançava. Via-se
num treino, caindo e voltando a cair na neve, as pernas fortes e
vermelhas saindo do reviravoltar da saia. Deram-lhe, para música, um
aparelinho tipo ipod ao contrário, que lhe deu o ouvido dos anjos.
Microfone direcional perfeito, permitia ouvir os outros como se as suas
conversas fossem faladas directamente para dentro da cabeça dela. E viu a
sua própria cara naquele primeiro momento de ouvir assim, de estar
tão perto. Parecia aquele bébé surdo a quem fizeram um implante de
cocleia: de repente a mãe tinha voz. Para ela o mundo. E o seu
sorriso de olhos fechados era o início da dança melhor.
No
segundo um velho cão amigo de repente conseguia falar e dizia duas
coisas : que a amava desde sempre e que precisava de ir ao veterinário,
mas podia esperar pela segunda feira.
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