A big band da orquestra de jazz de matosinhos tocou ontem no jardim de são pedro de alcântara. Músicas de fazer rodar qualquer saia mas ninguém mexia. Ninguém não: dançava a usual tia cinquentona que sempre se soube feia e com isto ganhou certa liberdade ( a preço vergonhoso, mas isto é outra história).
Seria tão bom se estes conjuntos contratassem um ou dois casais de dançarinos para servir de catalizadores, daquele cristal encorajador à volta dos quais os outros, de pé tremente mas alma tímida, se pudessem atirar ao ritmo mais facilmente.
E a caminho, frente à fonte do Rossio, um louro alto e pálido tentava tirar uma foto de casamento. Não havia nem convidados, nem festa, apenas o trabalho de criar memória. Uma e outra vez, a noiva atirava o véu aos céus, na esperança que, apanhando o vento, lhe esvoaçasse barroco como a um anjo de proa. Mas népias e nada, nem um sopro.
Nas eternidades da sala, o casal ficará emoldurado sem ilusão de movimento.
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