Émília apanha sementes, que depois atira para qualquer vaso, a ver o que germina. Flores, raras vezes. Gosta, é de árvores.
Estava a entrar p'ro Botánico, quando umas frutinhas caídas lhe apanharam o olhar. Uma espécie de ameixas encarquilhadas? Ou daqueles maravilhosos mini-diospiros? Levantar olhos, procurar ramos. Ha! este arbusto de folhinhas arredondadas encostado aos Artistas Unidos. Ziziphus spina-christi. Nem nunca tinha reparado nele. Mas espinhas tem, e medonhas, daquelas curvadas que não picam, rasgam.
O fruto na mão, meio ressequido. Tem carroço. Abrir um pouco, cheirar. E é ali que a coisa descoisa. Poderoso, inesperado. Cheira a quê? Madeiras misteriosas, cabelos de odalisca, orientes sensuais.
Mas Emília tem por onde ir, as sementes vão para o bolso. Na horas que se seguem, de quando em quando, cheira os dedos. Chega para partir lá longe, meio segundo.
Google, se não se enganar, diz que é jujube, árvore dos cemitérios musulanos, sagrada por ser mencionada no Alcorão, e árvore bíblica também, espinheiro (talvez) da coroa do Cristo. A fruta, comestível, era, e as vezes ainda é, vendida nos mercados.
Provar, então. Sabor selvagem. De facto, se houvesse um sabor a igreja, talvez fosse esse. Mirte, mirrha, sândalo, ácrido, adstringente... Igreja queimada?
Dec 20, 2013
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