Feb 28, 2013

guardiões do lavadinho


Abertamente, no trocinho de rua, pouco mais que um beco, que sobrou do bairro de mã vida desde que a Câmara Municipal aí instalou escritórios, o pedinte cego fuma heroína. Vira as costas aos dois polícias que, dez metros mais além, vigiam a fronteira entre ordem e desordem. Será que sabe que estão alí? Será que não se rala? Será que vê cores?


edit 15 de março
E não é que toda a gente se arma em juizes? No metro, mal o pedinte passou, oiço um rapaz dizer à amiga : ele vê! eu o encontrei a comprar droga no bairro. Desde quando é preciso ver para comprar droga? E ontem um velhote meigo, que me viu dar uma moeda ao pedinte: ele droga-se, sabe? Vc lhe dá dinheiro, ele vai comprar droga! Quando respondo que toda a gente tem de comer, ele atira-se para uma triste história, que nada tem a ver com o rapaz cego. Que lentamente vejo envelhecer, como eu.

Feb 26, 2013

alfa perdulário

não partímos na mesma nave

foto niteroï de Pablo Helguera

Feb 25, 2013

morale

quelqu'un pour qui une page blanche de son journal, un jour non raconté, représente un mensonge par omission.

Feb 24, 2013

pliize

esspike to mi




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Feb 23, 2013

the year grandpa blossomed again

one of these days, when suddenly a familiar, a very familiar face seems to acquire new features, new genealogy. You look, and it's like something, almost somebody, has been unwrapped, a layer washed away turning another visible, who has always been there, only hidden.

Feb 22, 2013

attends-moi. la technique ne déteint pas

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comment elle est tombée de fiction?
l'en sait même rien.
une espèce de journal, de document de sa chute de fiction. une terreur, ça. pour la femme peut-être un bonus, mais pour le squelette en elle, une fragilisation de mille diables.

Feb 19, 2013

Feb 17, 2013

antes da primavera

houve meio-hora de espera.

Depois foi o Pedro Lacerda a viver e a contar o terrível fevereiro de Jakob Lenz, (dramaturgo contemporáneo de Goethe) nas palavras de Georg Büchner, elas próprias baseadas no relato do pastor que deu ouvido e guarida ao Lenz em 1778.
Alma acossada à procura de paz, um pouco de paz, natureza dá paz, um momento, poder dos penhascos molhados, tambores de bruma, abetos imensos, rolares, visões e por fim outra vez: o terror da solidão. A aldeia então, as pessoas o quotidiano simples, a fé protectora.
a brutal e doce inveja de quem está assim, em paz na sua fé.
Os passeios, o direito de existir frágil, ninguém lhe pede nada, breve. A conversa do pastor, deus em cada pedra, cada riacho bravo, cada criança morta.

A revolta, a necessidade de corrigir os erros do mundo, a indiferença de deus. berrar aos céus. e resignar.


Lenz está no Negócio, ali ao virar da esquina, até dia 23.
Deste Fevereiro de 2013



Feb 16, 2013

terribles conséquences

il lui est né
ce matin
dans la main
un poil de la moustache de Flaubert.
on les reconnait à ce qu'ils frisent comme poi
l de cul
quand on parle de soi-
même.






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Feb 15, 2013

une qu'on a peur de traverser

une rivière au fond d'une vallée carrée comme une vallée glaciaire mais que serait venu faire ici un glacier? une rivière rapide mais lourde, pas bondissante, ses eaux courant ensemble sans se perdre en écume, serrées, pressées, translucides malgré l'urgence.

Feb 14, 2013

vila berta

amanhã de carnaval

Feb 13, 2013

not this one

i had to do a portrait for a programm. this one got side-tracked. i like it, though.

Feb 12, 2013

protective baking


very seldom works
never no not never







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Feb 11, 2013

"Il me dit que si Hitchcock, le cinéaste catholique numéro 1, a réussi Psychose, c’est par haine du calvinisme.


François Guérif (grand éditeur de polars) parlant de Robert Bloch, l'auteur de Psycho (le roman dont Hitchock a tiré le fil(m), à Raphaël Sorin (éditeur et critique littéraire).  Le tout dans un billet de ce dernier à Libé.

image: Vera Chatlin

Feb 9, 2013

(voilà, c'est fait)

Ça commence, le souverain décide de m'exécuter séance tenante, sans préavis. C'est lui qui actionnera la guillotine.  Qui est une guillotine à papier, verte, géante, devant laquelle je dois m'agenouiller. Je demande deux minutes, il me les octroie. Je respire. Pas de soulagement, pour m'aider à réfléchir. Je suis heureuse. Je n'ai pas eu le temps d'avoir peur, ma mort sera instantanée. Pas moyen de faire mieux, comme périssure. Mais j'aimerais bien le partager, ce bizarre bonheur. Impossible, je n'ai pas de papier, pas de crayon, et même si, il n'y a là personne de ma connaissance. Avec moi, comme moi, le bonheur s'en va seul.

Après, le souverain  hésite, refile ma mort à un valet avec une grande hache comme les brigands de Ungerer. Celui-là n'hésite pas, il lève haut sa hache et quand elle retombe je suis morte. Lorsque je reviens à moi, tout le monde, mais alors tout le monde veut m'aider à m'enfuir. (Il faut que je me dépêche pendant que le souverain se cache de honte d'avoir raté mon exécution.) Une cuisinière me file une liasse de billets de mille, j'en accepte trois, ça suffira. Je retrouve même mon manteau et les clefs de chez moi. Dans un garage où un groupe d'hommes autopsie un cheval, on me propose une voiture. Et c'est fini.




Feb 8, 2013

babble

new neighbours
(the building is old, insulation nonexistant)
but they make no noise
except for the popping sound of incoming facebook chat messages
non stop
almost
non stop

Feb 7, 2013

on embauche

minuscule myrmidonne pour grande bagarre homéopathique. (y'a des fourmis qui se balladent jusque entre les touches de mon clavier).


Aucun autre rapport que le nom mais tant de couleurs... "le colias myrmidone est un petit papillon jaune orangé, la bordure noire étant chez la femelle ponctuée de taches jaunes. Le revers, jaune orangé est bordé de vert pâle. Les œufs jaune clair qui deviennent roses éclosent vite et donnent des chenilles vertes ornées d'une bande blanche sur les côtés.
Les plantes hôtes de sa chenille sont des cytises."
Et j'imagine que son nom lui vient de la rangée de taches qui rappelle une procession de fourmis. 

lisboa 2013

passados os cinquenta, voltar a viver em casa dos pais porque já não se consegue pagar a renda.

Feb 6, 2013

os sãos gens


rua de São Gens
São Gens foi um lendário bispo-mártir de Lisboa, ainda durante a dominação romana.
Conta a lenda que, quando São Gens nasceu, a sua mãe morreu do parto. Esta lenda está na origem da tradição, que ainda hoje se cumpre, segundo a qual uma mulher grávida que quer ter um parto bem sucedido deve sentar-se na "Cadeira de São Gens". Esta cadeira de mármore está guardada na Ermida de São Gens, no miradouro da Graça, (o outro, aquele que não tem esplanada), local onde supostamente o rapaz foi martirizado, lá bem pertinho.


Mas há outro, o São Gens de Roma (Genesio em italiano), que  viveu durante o século III d.C. É o santo padroeiro dos actores, dos músicos, dos humoristas e advogados. É invocado também contra a epilepsia.
Segundo a lenda, São Gens, em uma apresentação para o imperador Diocleciano ridicularizava a fé cristã. Mas um dia entrou tão bem na pele de cristão que poc, nunca mais dela saiu. Convertiu-se e acabou decapitado.

Feb 5, 2013

lui?

il se déshabille pour un verre de vin.

Feb 4, 2013

too much of a precaution

she kept a broom across the door against unfriendly spirits. years went by, none ever showed its velvety snout. then one day at first light she saw someone coming out of the faraway woods, tall and springly. she smiled and went to brew fresh coffee to be ready for him when he reached the house. he never did.



bufferchance on raiou, terrible japanese movie

Feb 3, 2013

o cabeço da Damasceno Monteiro

click to see all
Na terra incognita do desenho cresce hoje uma horta descabelada, mas já foi grama pelada onde uma pessoa se podia sentar e olhar para a noite, os baços e os brilhos.
Já agora, o contracampo da curva, em 1963, por Artur Bastos (no Arquivo Municipal Fotográfico, como é difícil não depreender...) :


"Manuel Salustiano Damasceno Monteiro foi Presidente da Câmara Municipal de Lisboa de 1854 a 1858... em épocas bem calamitosas." Calamidade passada não vale.

Feb 2, 2013

dia de iemanjá



dia de espelhos molhados virem dar às areias do mundo
apanham-se, conquilhas turvas,
vaidades simples.
acolhem-se









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Feb 1, 2013

la chambre est si rangée qu'on se croirait lundi

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do you remember

what learning to read did to your brain?
I do.


and actually, personally, that's the the reason i'll always fight for education.