Oferece vinho, cinco minutos depois falamos de almas. As nossas não. Todas elas.
Onde se sentem bem?
No Cabo Espichel, acha ele. Não posso concordar mais.
Ri-se, vira a cabeça como um menino que vai dizer uma asneira.
É que, acha ele, é que mesmo não sendo católico de ir a igreja, odiando a igreja, aliás, o Cabo Espichel, ele acha, dali é que as almas partem para os céus.
Há alí vento que chegue - espiritual e meteorológico - para levar qualquer alma para onde for, mas isto já sou eu.
Aos cachos, elas, como balões de feira, coloridas e bem tesas.
Depois me lembro de Ostia, porto de Roma, donde se dizia que as almas antigas iam apanhar o barco para o Lethe, onde toda cor acaba. Ostia, tal como o Cabo, bem a jeito pertinho da capital, ninho de almas.
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