Um rio de cães atravessava a vila. Corriam cerrados, cinco ou seis de lado. Raças, cores, tamanhos, todos misturados. Fluiam, sem que se percebesse início, nem fim, nem razão. De quando em vez, um deles, dos da borda, calhava ficar preso no anzol de um olhar humano. Saia da corrente. Lingua de fora, ofegante, todo ele olhos a pedir carinho, parava alí por um pouco, até que o humano voltasse à sua vida, longe do rio. O mais das vezes, o cão não o acompanhava.