Nov 29, 2013

o fim da tarde

um dálmata quase sem pintas cheira-me a mão, a dona puxa na trela, os entregadores de cola zero apitam o corsa que não arruma com a velocidade desejada, o sol ocasa atrás de um prédio qualquer ao lado da basílica da estrela, a estrelinha de cabeça listrada é o mais pequeno pássaro europeu, aprendi ontém, uma miuda com pernas escocesas corre desajeitada para quem a veio buscar, outra conta que lhe roubaram tudo, na avenida uma loja que a semana passada ainda vendia móveis agora vende cientologia, os mil gatos famintos fazem fila no muro onde as senhoras nocturnas daqui a nada distribuirão comida

Nov 27, 2013

a vida apaixonante

dias de mexer o vaso do pimento atrás do sol gelado







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Nov 26, 2013

the limes of Liverpool (side effects)

what was left of the world when she closed her eyes was now covered with a moving growth of black dots,
a dark sea-field of anemones gently waving in the surf

Nov 24, 2013

station Anges

sous son bonnet d'ourson - oreilles noires et museau doré- une jeune asiatique pleure à chaudes larmes.






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Nov 21, 2013

the orderly despair ( the ghosts of immigration, where are their faces and names and colors?)

Very early this morning, the police force from Morocco dispersed a file of more then thousand sub-saharian immigrants who were walking towards the high fences around Mellila, where they'd try  to enter spanish territory.





the whole article here (in spanish)

Nov 19, 2013

winter light

hours lost in patient work
with no other use then itself
stitching stippling

Nov 17, 2013

apinhadas num silêncio que mexe

Um domingo a desenhar nas duas gares marítimas de Lisboa. Não deixa de ser estranho a que ponto é que os edifícios ( a gare de Alcântara e a da Rocha do Conde de Óbidos) foram despidas da alma interior. Já foram patamares, portas de entrada e saída. Mas apesar dos paíneis que a isto se referem, já não se sente nada disto. Resta espaço, mármore, reflexos. E, no salão da Rocha Conde de Óbidos, umas fileiras de cadeiras baratuchas, provisórias, que serviram para aliviar a espera dos passageiros de um cruzeiro.

Nos terraços ( existiu na altura um plano para ligar os terraços das duas gares, numa passagem  de mais de um quilometro. Quantas pessoas daí poderiam ter esperado paquetes, a chegar, a partir, acenado adeuses, tremendo na perda ou na anticipação do reencontro?) nos terraços vê-se o rio, isto é, o tempo a fluir, nos terraços a alma são muitas tantas almas, hoje ainda, hoje ao frio do sol.


o terraço ( la jetée)

em tempos de mandar soldados para o ultramar
a gare pouco depois da inauguração (1948)
as gruas é que nunca mudaram...

Nov 14, 2013

décoller - la seconde


la première, ici.
(tiens, les lampes ont été remplacées.)

Nov 12, 2013

signer


Le notaire, pâle et sérieux comme un notaire, portait à la main gauche une quintuple alliance, véritable anneau de Barbe-bleue.







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Nov 11, 2013

por cima e por baixo

Ela sabe da verdadeira essência dos ocos subterrâneos formados pelas estações de metro: são caixas de resonâncias. Construídas de próposito para ampliar a voz dela, para o partilhar da alegria. Afinada, ampla, sem medo, a voz cresce e enche, uma desgarrada de psalmos líricos que se ouvem de longe, desde que se põe o primeiro pé nas escadas que nos levam para baixo da terra. Ajudo-a a carregar o carrinho, pesado. Descemos na mesma estação.
Ela não me deixa ir embora sem abrir o carrinho e partilhar também do fruto da terra dela. 4 chuchús rijinhos.
Tenho um terreno em Mafra.

Nov 7, 2013

Nov 6, 2013

e é assim qu'o mundo s'enrola

he!
lá para 1880,  subditos da Queen Victoria podiam dizer I got the morbs p'ra tou c'as partículas










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Nov 5, 2013

Nov 4, 2013

yes

"Fiction’s abyss is silence, nada. Whereas nonfiction’s abyss is Total Noise, the seething static of every particular thing and experience, and one’s total freedom of infinite choice about what to choose to attend to and represent and connect, and how, and why, etc."
David Foster Wallace in Deciderization








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Nov 3, 2013

surpresas na amadora BD

os brasileiros, entre eles
Pedro Franz:

e a dupla André Diniz e Maurício Hora:

" - Calma, todos nós somos prisoneiros, seja do que for. Vc é prisoneiro do "querer", eu sou prisoneira do chocolate e da falsa plenitude"