Nov 17, 2013

apinhadas num silêncio que mexe

Um domingo a desenhar nas duas gares marítimas de Lisboa. Não deixa de ser estranho a que ponto é que os edifícios ( a gare de Alcântara e a da Rocha do Conde de Óbidos) foram despidas da alma interior. Já foram patamares, portas de entrada e saída. Mas apesar dos paíneis que a isto se referem, já não se sente nada disto. Resta espaço, mármore, reflexos. E, no salão da Rocha Conde de Óbidos, umas fileiras de cadeiras baratuchas, provisórias, que serviram para aliviar a espera dos passageiros de um cruzeiro.

Nos terraços ( existiu na altura um plano para ligar os terraços das duas gares, numa passagem  de mais de um quilometro. Quantas pessoas daí poderiam ter esperado paquetes, a chegar, a partir, acenado adeuses, tremendo na perda ou na anticipação do reencontro?) nos terraços vê-se o rio, isto é, o tempo a fluir, nos terraços a alma são muitas tantas almas, hoje ainda, hoje ao frio do sol.


o terraço ( la jetée)

em tempos de mandar soldados para o ultramar
a gare pouco depois da inauguração (1948)
as gruas é que nunca mudaram...

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